Ópera Candinho, no Theatro São Pedro, brinca acerca das origens poéticas de Portinari
- Levada Cultural

- 13 de out.
- 5 min de leitura
Obra de João Guilherme Ripper recria situações e sonoridades ligadas à família, escola, igreja, jogos infantis e primeiros amores de Portinari, e tem como ponto culminante a descoberta do desenho como forma de expressão pelo jovem Cândido; com direção musical de Priscila Bomfim e cênica de Ana Vanessa, récitas ocorrem nos dias 16, 17, 18 e 19 de outubro .

nspirada nas memórias de infância de Cândido Portinari (1903-1962) em Brodowski, a ópera Candinho foi composta por João Guilherme Ripper, que também assina o libreto, a partir dos cadernos de memórias mostrados ao compositor pelo filho do pintor, o matemático, professor e escritor João Cândido Portinari. No Theatro São Pedro, equipamento cultural da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Santa Marcelina Cultura, a obra irá estrear dia 16 de outubro, quinta-feira, às 20h - as demais récitas acontecem nos dias 17, 18 e 19 de outubro. Os ingressos custam de R$ 31 (meia-entrada) a R$ 102 (inteira).
Os espetáculos integram a temporada da Academia de Ópera e da Orquestra Jovem do Theatro São Pedro, contando com a participação do Coro Juvenil Novos Tons. Priscila Bomfim assina a direção musical, e Ana Vanessa é responsável pela direção cênica. Estruturada em ato único, dividido em dez cenas curtas, a ópera mostra os primeiros passos de um menino que, no início do século 20, vivia em uma pequena vila “com três ruas e o cafezal em volta”, como se refere João Cândido à cidade natal do pai.
Dominada pelas crianças que interagem com alguns poucos adultos – a escrita prevê importantíssima participação do coro infantil –, a narrativa recria situações e sonoridades ligadas à família, escola, igreja, jogos infantis e primeiros amores, e tem como ponto culminante a descoberta do desenho como forma de expressão pelo jovem Cândido.
Algumas das telas de Portinari explicitamente inspiradas em sua infância no interior, como Circo (1932), Lavrador de Café (1934), Espantalho (1940), Jogos infantis (1944), Menino de Brodósqui (1951) e Meninos soltando pipas (1952) conectam os cenários de Candinho à concepção teatral-musical de Ripper. Apresentadas por um narrador – o Cândido Portinari adulto –, as personagens são o jovem Candinho, seus pais, Batista e Domênica, Gôndola, Padre Josué, as meninas Maria José e Branca, o Lavrador e o Palhaço Beringela.
Ripper procura responder ao mistério profundo da encarnação artística de um artista forte: como o menino Candinho, uma criança do interior, como tantas outras, pode se tornar Portinari, o grande pintor? Nas raízes desse drama – disfarçado em leveza pueril – está o cerne da proposta do autor. A orquestração mantém perenemente a evocação de uma banda nostálgica, com o uso bem-sucedido da econômica formação de sopros, com as madeiras ganhando vida em comentários polifônicos.
Em meio a jogos, peripécias e diversões há, entretanto, uma fratura: Candinho perdeu a única apresentação do circo ocorrida em Brodowski. E é dessa carência que, supostamente, emergirá nele a urgência de se expressar através do desenho imaginativo – o seu contato possível com as raízes da vida humana, da natureza e da sociedade.

TRANSMISSÃO AO VIVO
A récita de 18 de outubro, sábado, às 20h, será transmitida ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro.
Temporada Academia de Ópera e Orquestra Jovem do Theatro São Pedro
Candinho
Academia de Ópera do Theatro São Pedro
Orquestra Jovem do Theatro São Pedro
Coro Juvenil Novos Tons
Priscila Bomfim, direção musical
Ana Vanessa, direção cênica
Paula Castiglioni, preparadora coral
Giorgia Massetani, cenografia
Fernanda Câmara, figurino
Kuka Batista, iluminação
Elis de Sousa, visagismo
Rogério Bandeira, ator
Fernanda França, Candinho
Ana Luísa Melo, Branca
Thainá Biasi, Branca
Marília Carvalho, Maria José
Camila Lohmann, Gôndola
Paula Uzeda, Gôndola e Domênica
Julián Lisnichuk, Seu Batista
Cláudio Marques, Palhaço Beringela
Gianlucca Braghin, Padre Josué
Daniel Luiz, Padre Josué
Ernesto Borghi, Lavrador
Rogério Bandeira, Candido Portinari
JOÃO GUILHERME RIPPER (1959 -)
Candinho - 75’
Ensaio geral aberto e gratuito: 14 de outubro, 19h, Theatro São Pedro
Récitas: 16, 17, 18 e 19 de outubro
Quinta, sexta e sábado às 20h; domingo às 17h, Theatro São Pedro
Ingressos: R$ 31 (meia-entrada) a R$ 102 (inteira), aqui
Classificação etária: Livre
THEATRO SÃO PEDRO
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro, instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, gerido pela Santa Marcelina Cultura, tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro, e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural, e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país.
SANTA MARCELINA CULTURA
Eleita a melhor ONG de Cultura de 2019, além de ter entrado na lista das 100 Melhores ONGs em 2019 e 2020, a Santa Marcelina Cultura é uma associação sem fins lucrativos, qualificada como Organização Social de Cultura pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas. Criada em 2008, é responsável pela gestão do GURI e da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP Tom Jobim). O objetivo da Santa Marcelina Cultura é desenvolver um ciclo completo de formação musical integrado a um projeto de inclusão sociocultural, promovendo a formação de pessoas para a vida e para a sociedade. Desde maio de 2017, a Santa Marcelina Cultura também gere o Theatro São Pedro, desenvolvendo um trabalho voltado a montagens operísticas profissionais de qualidade aliado à formação de jovens cantores, instrumentistas, libretistas e compositores para a prática e o repertório operístico, além de se debruçar sobre a difusão da música sinfônica e de câmara com apresentações regulares no Theatro. Para acompanhar a programação artístico-pedagógica do Guri, da EMESP Tom Jobim e do Theatro São Pedro, baixe o aplicativo da Santa Marcelina Cultura. A plataforma está disponível para download gratuito nos sistemas operacionais Android, na Play Store, e iOS, na Apple Store. Para baixar o app, basta acessar a loja e digitar na busca “Santa Marcelina Cultura”. Para baixar o app, basta acessar a loja e digitar na busca “Santa Marcelina Cultura”.



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